22/02/2011

De olho na comida

Cheguei em casa com algumas compras numa sacola. Coisa que estava precisando para a casa e me ofereci imediatamente para sair para buscar no mercado. Assim que coloquei a sacola em cima da mesa, ela veio furiosa na minha direção como se fosse me agredir. Dizia que já sabia de tudo, que estava me acompanhando a tempos, me seguindo, observando. Gritou, chorou, bateu. Eu não podia acreditar. Aos berros dizia que já sabia que o motivo de ir à rua toda hora era só para comer chocolate escondido. Ela tinha razão, aquela casa era um inferno dietético. Eu vivia num limite insuportável. Me agarrou pela gola e cheirou minha boca. Gritou: amendoim! chocolate com amendoim! canalha!

Minha cabeça ferveu, perdi o controle me lembrando de tudo o que passei nas mãos daquela megera. Todos os limites que ela me impôs e das sobremesas que tive que recusar por sua causa. Gritou que não queria me ver nunca mais. De tão nervoso, babei ao voar em sua direção. Arranquei um dos seus olhos com toda força que consegui naquele momento. De tão possesso fui para o outro olho. Nós dois caídos no chão, comigo por cima e ela tentando lutar em vão. Cavando com os dedos, arranquei seu outro glóbulo com muito custo. Levantei ao ar aquela bola ensanguentada e coloquei na boca, mastigando-a. Uma tinta escura vazou da minha boca enquanto eu gargalhava.

Um comentário:

  1. sempre qe eu te leio eu começo a imaginar experiencias da vida de alguém. por exemplo, qdo eu comecei a ler imaginei uma criança diabética e frustrada. nao sei como e nem o motivo, qdo vc falou sobre ele estar em cima dela- arrancando os olhos- imaginei uma cena sexual. no final tive vontade de vomitar... não é ruim.

    ResponderExcluir