10/03/2011

Um presente para selar o amor

Estavam namorando há três meses. Não havia casal mais apaixonado do que aquele, justamente numa fase em que os dois começam a desabrochar, trocar intimidades e fazer com que um entre na vida do outro cada vez mais.

Encontraram por acaso um amigo dele na rua e as apresentações de praxe foram feitas. O amigo que sugerindo algum pretexto qualquer, o puxou para um canto e em tom grave o advertiu que estava namorando uma mulher gorda. O sujeito ficou desfigurado com aquela afirmação. Nunca passara isso pela sua cabeça. A declaração do amigo quase o derrubara no chão, mas se recompôs e seguiu em frente com a mulher amada. Em frente à vitrine de uma joalheria ofereceu-lhe uma gargantilha linda. Era uma extravagância, mas ele dizia que o amor fala mais alto nessas horas. A namorada ia trôpega pela rua, inebriada pela sensação de um romance perfeito.

Chegando em casa, pediu à amada que se sentasse pois gostaria de colocar-lhe o colar. Ela, risonha e suspirando, levantou o cabelo dos ombros. Foi quando ele veio com uma faca por trás rasgando-lhe a garganta de ponta a ponta. A camada de godura dela exigiu que o trabalho fosse repetido com mais força. A única coisa que conseguiu dizer foi um grunhido horrível enquanto o sangue jorrava espesso pela abertura na garganta. Ele pegou a caixa da jóia e arremessou no lixo com força e ódio.

2 comentários:

  1. Começo a ler seus textos com um suspiro e termino com um arrepio, sempre. No fim das contas me pego rindo dessas estórias trágicas que você escreve.

    Beijo!

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  2. Seus textos me lembram o livro O Morro Dos Ventos Uivantes, a linha tênue entre o amor e a morte.

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