13/02/2011

A mesa de olmo

Aqui em casa sempre investimos em móveis de qualidade. Na nossa sala temos uma enorme mesa em olmo, um objeto até certo ponto raro porque é trabalhado numa madeira que é muito resistente a esse tipo de intervenção humana. Essa mesa vem dos tempos dos meus avós que a trouxeram da Hungria antes da Segunda Guerra, quando o país encontrava-se em momento de pujança. Por ser o meu objeto favorito dentro de casa por causa dessa história romântica e valor sentimental, eis que faço questão de nos reunirmos sempre que possível em torno desta mesa.

E naquele dia não poderia ser diferente. Guardei a refeição mais especial de nossas vidas para aquele mesa. Nada poderia dar errado e eu cuidei de todos os detalhes. Da comida à iluminação, passando pela música ambiente. Quando ela chegou, o brilho nos seus olhos era notável. Estranhou apenas o fato da mesa estar posta apenas para uma pessoa. Pedi que ela sentasse e que aguardasse as surpresas que a noite reservava. Seu perfume era delicioso como bem posso me lembrar, pois a lembrança olfativa é muito poderosa.

Coloquei diante dela o prato que preparei para ser a entrada. Servi uma taça de vinho e esperei pela sua primeira garfada. Falando agora confesso que me precipitei, talvez estivesse muito ansioso pela ocasião. Mas ela mal terminou a garfada e já saquei meu bastão de baseball à toda força. O bastão sibilou o ar antes de acertar a sua cabeça em cheio. Não esperei reação nenhuma e nem ouvi um gemido antes de desferir todos os golpes que pude com a toda a força que consegui. A mesa era tão boa que nem riscou com as bastonadas que errei, meu avô tinha razão, facilitando todo o trabalho para limpar aquela sujeira. Aquela vaca.

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