14/02/2011

Estamos contratando

A minha função nessa empresa é demitir. Não é só isso o que eu faço, mas é algo que sempre sobra para eu fazer. Dona Betina é uma senhora de, sei lá, oitocentos anos. Não aguentou o ritmo, o tranco, de uma cozinha comercial. Deve fazer muito bem suas tortas em casa e farofa com improvisos de banana e o que tiver na geladeira sobrando. Perdi meu tempo com essa cara aqui, chamo para uma reunião e ela traz a filha que é alguma coisa. Ela podia ser advogada, escrevente, astronauta, o que fosse, mas era de uma beleza clássica. Aquilo me desestabilizou. Ninguém poderia ousar uma covardia dessas, afinal era uma reunião de negócios e não um chá em família. Um homem no ramo empresarial deve saber tomar decisões de emergência, li num livro. Não me fiz de rogado e ofereci à jovem, linda, uma visita às nossas dependências. Aproveitando a cozinha já vazia, cravei-lhe por três vezes a faca de oito polegadas no pescoço. A quarta vez não pegou direito e machucou minha mão. Voltando, informei em tom seco e direto que aquela senhora estava demitida.

2 comentários:

  1. esse texto poderia ter sido melhor trabalhado. a figura da filha ficou perdida nele, apesar do nonsense que é presente em todos os seus textos, achei q a filha podia ter sido mais

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  2. Eu fiz meio de propósito porque estou alongando demais os textos e fugindo da minha proposta inicial. Acreditei que bastava ele frisar que a mulher era linda a ponto de tirar seu foco. Mas acho que pode, sim, render mais se trabalhado de outra maneira.

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